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Não deixe que situações de crise levem a desvios de conduta

20 de janeiro de 2016 by minori
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Em novembro, a Polícia Federal prendeu mais de 20 executivos de dez das principais empreiteiras brasileiras numa nova fase da Operação Lava-Jato. São presidentes e diretores de empresas como Camargo Corrêa, Mendes Júnior e OAS. Os executivos são acusados de fazer parte de um esquema de superfaturamento de contratos e de pagamento de propina para diretores da Petrobras e partidos políticos.

A prisão de líderes das construtoras vem sendo tratada como uma vitória contra a impunidade no país e revela que, para cada agente público corrupto, sempre existe, do outro lado, uma empresa corruptora. A Lava-Jato pode parecer coisa de peixe grande, mas deixa uma lição para qualquer funcionário honesto, de qualquer empresa: cair na tentação e cometer desvios durante o exercício de sua função é mais fácil do que se imagina.

Todo profissional que ingressa num esquema de corrupção ou de fraude sabe que não poderá alegar ingenuidade se for pego. Mas nem todos os desonestos corporativos são iguais quando observados de perto. “Em qualquer empresa há dois perfis de pessoa que quebram as regras”, afirma Guido Palazzo, professor de ética nos negócios na Universidade de Lausanne, na Suíça, que, desde a crise de 2008, investiga as razões da má conduta corporativa. “Existem os criminosos, que fraudam e corrompem intencionalmente, e existem as pessoas normais, que quebram as regras sem perceber que estão fazendo algo errado”, diz ele.

Nas operações da Petrobras, estão sendo acusados presidentes e altos executivos de grandes empresas, mas a falta de ética não está restrita ao comando das empresas. “Atos ilícitos podem acontecer em qualquer tipo de relação profissional”, afirma Peter Diekman, professor e consultor holandês, que trabalhou durante anos na área de prevenção a fraudes de grandes empresas, como Philips e ABN Amro Bank.

Segundo ele, existem basicamente dois tipos de fraude. A mais comum é a apropriação indevida de recursos, que vai do roubo de material de escritório à compra, com o dinheiro da empresa, de produtos para uso pessoal, como notebooks e até carros.

Por mais que esse tipo de fraude seja responsável por 75% dos casos, de acordo com Peter, não é ele o que causa maiores prejuízos às companhias. “O grande problema são os desvios financeiros mais sofisticados, que enganam investidores e acionistas e podem resultar em perdas de milhões de dólares em um piscar de olhos”, diz ele.

Em muitos casos, as fraudes podem deixar as empresas em situação financeira muito complicada, como ocorreu com o banco Panamericano, no Brasil, ou até levá-las à falência, como no caso da americana Enron.

Segundo um levantamento da associação americana de auditores, em 2013 as perdas globais com fraudes corporativas atingiram a marca de 3,7 trilhões de dólares. Apenas no caso da Petrobras, de acordo com estimativa do banco americano Morgan Stanley, o prejuízo da estatal pode ter chegado a 21 bilhões de reais.